As casas Portuguesas na guerra da Bósnia

05 JAN 1995 – Cair da noite no Aeroporto de Zagreb

O capitão Duque tinha trazido um veículo todo-o-terreno da ONU para me recolher; carregámos o carro com as minhas bagagens e partimos para um dos dois apartamentos que os oficiais portugueses alugavam na cidade.

Chamavam-lhe “casas portuguesas” e, embora distanciando menos de um quilómetro uma da outra, na essência, eram parecidas. Tratava-se de um pequeno apartamento, constituído por uma sala com kitchenette, um quarto e uma casa de banho. Todos os 12 militares na missão contribuíam para pagar a renda daqueles dois apartamentos, mas só um ou dois de nós efetivamente residiam nessas casas. Os restantes usavam-nas como ponto de apoio nas estadias temporárias em Zagreb, quando transitam entre as zonas de operação. Havia sacos de dormir e mochilas militares por todo o lado. Tudo com as identificações dos respetivos donos, enquanto estes estavam algures no teatro de operações da Krajina ou da Bósnia e Herzegovina. Na UNPROFOR, qualquer movimento que se fizesse tinha obrigatoriamente de passar por Zagreb. Era bom ter um ponto de apoio na Cidade. O apartamento para onde fomos estava particularmente bem localizado, ficando a cerca de 100 metros da entrada do Quartel-General da UNPROFOR.

Tal como os restantes oficiais portugueses, eu passaria a pagar uma cota-parte do valor das rendas e, em compensação, poderia usufruir de um local para pernoitar, em Zagreb sempre que necessitasse.

Durante aquela noite comemos uma refeição ligeira e deu-se início ao meu processo de aprendizagem sobre a missão, na versão “explicações particulares à portuguesa”. O capitão Duque começou por dizer:

Tinha começado a missão missão na United Nations Portection Force (UNPROFOR), na Bósnia Herzegovina, Croácia e Jugoslávia.

Extrato do início do livro “Bósnia 95 – Guerra aérea em manutenção de paz”.

Portuguese-speaking Small Island Developing States

É com muito prazer e orgulho pessoal que anuncio a publicação de um grande livro (literalmente porque tem mais de 490 páginas e 54 ilustrações) que nos levou mais de um ano a preparar. Agradeço aos dois outros coautores – Francisco Leandro e Enrique Galan – a oportunidade que me deram em colaborar nesta obra.

Está escrito em inglês e quem conhece esta editora internacional sabe que a qualidade e o detalhe são a marca de água da Palgrave.

Escalpelizamos a recente evolução histórica de Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste, analisámos as situações politicas, diplomáticas, económicas e sociais desses países insulares de língua portuguesa, e apresentamos informação para os leitores tirarem as suas próprias conclusões.

Espero que gostem

https://link.springer.com/book/10.1007/978-981-99-3382-2?fbclid=IwAR0DD7H7PZu59UKkWwXMIPk_tcOxGg7lfGjln9Z9TobJsEal5S4LrLl3Mvg

As “Bombas de fragmentação”

Muito se tem falado sobre bombas de fragmentação na guerra da Ucrânia. Efetivamente, o termo “fragmentação” está incorreto, uma vez que se tratam (isso sim) de misseis com sub-munições. Porém, não vamos criar entropia teórica na comunicação e falemos das “tais bombas de fragmentação”.

A coisa não tem nada de novo lá para o Leste Europeu, uma vez que foram usadas e abusadas nas guerras de Independência da Croácia e da Bósnia Herzegovina. Aliás, as primeiras baixas de militares portugueses na Bósnia – na missão OTAN/NATO IFOR – em 1996, deveram-se exatamente à explosão de uma sub-munição de um míssil “de fragmentação”.

Neste meu livro “BÓSNIA 95 – GUERRA AÉREA EM MANUTENÇÃO DE PAZ” – reporto a forma como tive de lidar com este tipo de arsenal, quando as forças Sérvias do Setor Norte da Krajina Croata bombardearam Zagreb, no dia 1 de Maio de 1995. Centenas de pequenos invólucros, espalhados em meu redor, prontos a explodir a qualquer toque ou brisa de vento mais forte.

author.paulo.goncalves@gmail.com

Novo livro sobre as guerra na ex-Jugoslávia

Acabado de sair das máquinas, eis o meu testemunho sobre o que aconteceu no primeiro semestre do último ano da Guerra da Bósnia e o final da Guerra de Independência da Croácia. São 360 páginas, com 8 fotos e 40 desenhos/cartoons. Muitas das táticas em uso na Ucrânia já o tinham sido nos Balcãs, saiba como.

O livro custa 17 e fica em 21 euros com despesas de envio – interessados, pedidos por mensagem pessoal.

author.paulo.goncalves@gmail.com

71º Aniversário da Força Aérea Portuguesa

A Força Aérea Portuguesa celebra hoje o seu 71º Aniversário. Gostaria de desejar os maiores sucessos a todos aqueles e aquelas que serviram e servem nesta instituição de Excelência. Aos vindouros, deixo o seguinte alerta: – só no dicionário é que “sucesso” vem antes de “trabalho”. Na FAP não sabemos o que é inação, e agimos de imediato, porque Ex Mero Motu quer dizer “por um mero motivo”.

Escuteiros do Ar e freiras de Azul no Beja Airshow 2023

Quando se vai a um festival aéreo encontra-se um pouco de tudo, porque a aviação é algo que move paixões em todas as áreas da sociedade. Porém, encontrar escuteiros exclusivamente dedicados à causa aérea – Escuteiros do Ar – e freiras trajando de hábitos religiosos em azul celeste não é comum.

Saiba como foi na newsletter da AFAP https://www.facebook.com/photo/?fbid=750717290390311&set=a.531791135616262

e ainda poderá saber o historial das vindas da patrulha acrobática britânica a Portugal, e um cartoon bem divertido

Museu do Ar aderiu à Noite Europeia dos Museus 2023

No dia 13 de maio de 2023, o Museu do Ar aliou-se, mais uma vez à Noite Europeia dos Museus e abriu as suas portas gratuitamente entre as 10H00 e as 22H00.

Para além de visitas guiadas, palestras de temáticas aeronáuticas, aulas de yoga, simuladores de voo, música ao vivo, teatro e o reencontro de entusiastas da aviação marcaram o dia.

Quando o sol se punha, o amplo hangar principal do Museu do Ar revibrou com o quarteto de saxofones da Força Aérea. Um saxofone soprano, um saxofone alto, um saxofone tenor e um saxofone barítono tocaram várias músicas conhecidas, cujos arranjos para saxofone foram escritos pelos próprios militares da Banda da Força Aérea. O quarteto explorou as características acústicas das estruturas metálicas que os rodeavam, enchendo a volumetria do espaçoso hangar com uma harmonia de acordes soberbamente interpretados. No final, a audiência correspondeu com um aplauso de pé no final do concerto, abordando os quatro músicos com perguntas sobre perguntas e declarações de apreço.

Entre muitas outras coisas, a Noite dos Museus possibilita aos visitantes terem acesso a uma outra visão das peças, numa perspectiva que não está disponível nos outros 364 dias do ano.

Porém, o momento alto da participação do MUSAR na Noite Europeia dos Museus, foi a peça de teatro “No fundo do mar”, interpretada pela companhia teatral Estação das Letras, que ocorreu entre as 21H00 e as 22H00. Esta iniciativa encheu a Noite do Museu com dezenas de crianças e respetivos pais, para assistirem a um espetáculo caracterizado como sendo “teatro para crianças e não só”. A peça foi inteligentemente desenhada de modo a não haver diálogos dos atores, procurando passar a mensagem às tenras idades da audiência através da expressão corporal, dos sons, da projeção de imagens e dos adereços em palco. Um espetáculo audiovisual imersivo, que transportou as crianças a um oceano mágico, onde múltiplos animais (feitos de materiais reciclados do lixo trazido pelo mar) transmitiram a preocupação ecológica de proteção do fundo do mar, que as crianças entenderam na perfeição. Com o Museu envolto numa fraca luz azul, os sons do fundo mar ecoavam nas paredes do hangar, enquanto medusas e alforrecas eram projetadas a nadar nas fuselagens das aeronaves.

Uma última nota para a dedicação dos atores, uma vez que um deles estava com fortes dores ciáticas, mas nem por isso deixou de atuar e deleitar a criançada, sorrindo por cima das dores que o afligiam. Os miúdos adoram poder tocar no golfinho, no peixe lua, no cavalo marinho, na medusa, no sargo, no tubarão ou na baleia, conforme iam passando à sua frente, sem reparar no suor que escorria pelo rosto dos atores, enquanto estes evoluíam em expressões corporais compatíveis com a características natatórias de cada animal.

Parabéns à Estação das Letras pela qualidade do espetáculo apresentado; parabéns ao Museu do Ar por esta iniciativa disruptiva que, indubitavelmente, foi um sucesso, …, porque um museu não deve de ser uma coleção de peças, mas sim um local de produção de conhecimento, e a Força Aérea tem grandes responsabilidades na proteção da enorme área marítima de Portugal.

Fotos do Sargento-Chefe SAS Jorge Narciso

Crie um site como este com o WordPress.com
Comece agora