O Secretário-Geral da NATO -Jens Stoltenberg – anunciou recentemente que a Guerra na Ucrânia será longa. Será? Pois eu acho que a coisa terá um desenvolvimento repentino, e uma solução precipitada, até ao final de 2023, ou pelo menos irá haver uma forte pressão sesse sentido. Esta minha convicção prende-se com dois factos e uma avaliação retrospectiva.
É um facto que o principal apoiante político e material da Ucrânia são os Estados Unidos da América, sem os quais os ucranianos teriam de abandonar a guerra convencional, com dois exércitos em confrontação por domínio territorial, e enveredar por uma guerra de guerrilha, onde grupos de partisans lutariam na clandestinidade contra uma potência ocupante.
É também um facto que e os americanos vão ter eleições em 2024, e que o tremendo suporte financeiro em apoio humanitário e material de guerra vai ser confrontado com os modestos resultados no terreno, e o debate político irá focar-se na redução (se não o fim) desse apoio material.
Por outro lado, comparando os calendários políticos Norte-Americanos com os conflitos mais mediáticos das últimas três décadas, verificamos a curiosa coincidência que se fecha um conflito importante, ou termina a presença de militares americanos numa missão estrangeira, exatamente um ano antes de uma eleição presidencial nos Estados Unidos.
Vejamos o que aconteceu após o fim da Guerra Fria (1991):
1991 Fim da ocupação iraquiana do Kuwait com o ataque avassalador de uma coligação internacional liderada pelos Estados Unidos às forças de Saddam Hussein. 1992 Eleições presidenciais americanas (vence Clinton).
1995 Fim da Guerra na Croácia e na Bósnia Herzegovina com a assinatura dos Acordos de Dayton (USA). 1996 Eleições presidenciais americanas (vence Clinton).
1999 Fim do conflito no Kosovo com o ataque da coligação internacional liderada pelos Estados Unidos às forças Jugoslavas. 2000 Eleições presidenciais americanas (vence JW Bush).
2003 Invasão do Iraque e fim da ameaça de Sadam Hussain. 2004 Eleições presidenciais americanas (vence JW Bush).
2007 Início da politica US para o Iraque baseada em “return on success“, com a forte redução de forças americanas no terreno. 2008 Eleições presidenciais americanas (vence Obama).
2011 Fim da presença USA no Iraque. 2012 Eleições presidenciais americanas (vence Obama).
2015 Fim da Força Internacional de combate (ISAF) no Afeganistão. 2016 Eleições presidenciais americanas (vence D. Trump).
2019 Acordo para o fim da presença USA do Afeganistão com consequente retirada do que restava de todas as forças internacionais de Cabul. 2020 Eleições presidenciais americanas (vence Biden).
(agora preencha você os espaços vazios) 2023 Fim do conflito em … . 2024 Eleições presidenciais americanas (vence …) .
Dir-me-ão que são conflitos congelados e situações de Paz podre. Estou de acordo e tenho poucas dúvidas sobre essa caracterização no tocante à Bósnia, ao Kosovo, ao Iraque e ao Afeganistão. Em todos eles a Paz deve de ser mantida com um punho de ferro envergando uma luva de pelica.

Mas isso, é assunto para outra discussão.
