Diários de Missão (Afeganistão)

Existe uma lenda nas montanhas do Hindukush que reza assim:

– “Quando Alá fez o Mundo, sobraram-lhe um monte de pedaços e restos da criação que não encaixavam em mais lado nenhum. O Divino reuniu todos esses fragmentos e atirou-os para a Terra, criando o Afeganistão.”

Esta lenda descreve bem a paisagem afegã; uma paisagem austera, plena de montanhas e desertos, com luxuriantes oásis rodeando os rios que correm no fundo dos vales profundos. Contudo, não se deve pensar que a aridez do cenário significa ausência de presença humana. Também existe um proverbio afegão que dita:

Por mais alta que seja a montanha, irás sempre encontrar uma tribo!”

As terras afegãs foram, ao longo dos milénios, o local de criação ou de expansão de impérios e religiões. Os viajantes antigos consideravam o Afeganistão como o centro do Mundo, porque tinham sempre de o atravessar com as suas caravanas quando percorriam a famosíssima Rota da Seda.

Estando no centro da Ásia Central, o Afeganistão é o herdeiro de Ariana; um império de nobre e culto povo da antiguidade distante.

Passei muitas noites no Afeganistão a ouvir velhas lendas com heróis a derrotarem dragões, combates titânicos entre exércitos, reis e gigantes do submundo, a Arca de Noé, o número mítico 7 e o número tabu 39, etc. Os próprios afegãos descrevem a paisagem das montanhas do Hindukush como sendo o esqueleto de um enorme monstro apocalíptico. Todavia, as estórias mais marcantes foram aquelas a que assisti ao vivo, sofridas na carne pelas pessoas das tribos locais, as quais, embora distintas umas das outras, partilhavam o mesmo sentimento de pertença a um País chamado Afeganistão.

Capa do Diário de Missão no Afeganistão

Agora que o eBook sobre a missão na Bósnia Herzegovina (Bosnia 95 – Peacekeeping in a War zone) está prestes a ser liberado, é altura de rever o diário de missão da UNAMA, no Afganistão.

#peacekeepinginawarzone

Publicado por Paulo Gonçalves

Retired Colonel from the Portuguese Air Force

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