No dia 26 de Agosto de 1995, enquanto conduzia em direcção ao Quartel-General das Nações Unidas (UNPROFOR) na Bósnia, a Cidade de Sarajevo foi atacada por uma arma que eu nunca tinha visto, ou ouvido falar, anteriormente: – Bombas Porco (Pig Bombs).
As Pig Bombs (Krme Bomba, em servo-croata) eram ataques aéreos improvisados, sem recurso a aeronaves, usando as mesmas armas que os caças-bombardeiros usariam – Rockets ar-terra e bombas de 250 quilos. Como a Cidade de Sarajevo ficava numa depressão geográfica, completamente rodeada por montanhas e colinas dominadas pelas forças Sérvias, bastava providenciar um primeiro impulso no alto dessas elevações para depois a gravidade fazer o resto do trabalho e levar as bombas para o alvo. A precisão das Pig Bombs era muito medíocre, mas o efeito psicológico (PSYOPS) daqueles ataques era devastador. Faziam um ruido muito particular, como quem estivesse a rasgar lençóis de linho, e, como eram lentas no seu trajecto, ouviam-se com muito bem, durante muito tempo. A população entrava em pânico e por todo o lado se ouvia gente a gritar:– “KRME BOMBA, KRME BOMBA”.
As Bombas Porco eram lançadas de rampas improvisadas em camiões de caixa aberta estacionados no cimo das montanhas sobranceiras a Sarajevo. O dispositivo era constituído por quatro rockets ar-terra fortemente atados em volta de uma bomba de 250 Kg. Depois igniciavam electricamente os rockets provocando o impulso inicial necessário e todo o conjunto “descolava” por alguns metros … espaço suficiente para colocar a bomba num trajecto descendente em direcção à Cidade. A espoleta da bomba era previamente ajustada para a situação vigente.

Alegadamente, havia um outro tipo de Bombas Porco – as Krme dva (Porco dois) que eram bidons de combustível simplesmente empurradas encosta abaixo, com o objectivo de se “espatifarem” contra o primeiro obstáculo (casa) que encontrassem no seu caminho. Nesta opção não havia ruídos nem grande explosões. Eram algo muito ao género do Naplam, uma vez que os Sérvios colocavam um aditivo no combustível que o tornava gelatinoso. Depois juntavam um dispositivo capaz de gerar fogo nesse combustível e obtinham um rasto de fogo que teimava em não se extinguir onde que que tocasse.
Enquanto as Krme dva eram (para mim) uma possibilidade não provada, as Krme Bomba eram sem qualquer dúvida algo que testemunhei. O considerável arsenal aeronáutico Sérvio estava “aterrado” devido à imposição da No Fly Zone, supervisionada pela NATO; mas isso não impediu os Sérvios de o usar.
