Nos tempos da UNPROFOR/FORPRONU (1992/1995) as aterragens em Sarajevo eram um dos Ex Libris da missão. Devido à permanente ameaça das aeronaves poderem ser atingidas por armas ligeiras quando voavam perto do solo, as tripulações executavam aterragens táticas muito exigente como medida de precaução.
Primeiro, os passageiros eram “convidados” a sentar-se em cima do colete à prova de bala e a meter os pés (literalmente) dentro do capacete. A razão era para dar alguma proteção extra de eventuais disparos na barriga do avião, durante a final curta para aterragem em Sarajevo.
Em seguida, os passageiros com o mínimo de experiencia de voo apercebiam-se que o avião estava a chegar ao início da pista demasiado alto. Seria de antever que a aeronave fizesse um circuito sobre a Cidade para a aterragem. Dependendo da aeronave e da quantidade de janelas disponíveis, alguns passageiros até preparavam as máquinas fotográficas para uma oportunidade única de fotografar Sarajevo visto do ar. Nada mais errado; a cerca de 900 metros do início da faixa, o piloto empurrava o manche para a frente, baixando o nariz do avião cerca de 25 graus em relação ao horizonte. Isso equivalia a cerca de 10 vezes mais inclinação do que uma aterragem normal num comercial. Em 30 segundos o avião picava, aterrava e saía da pista. Sofriam-se Gs negativos durante os primeiros 20 segundos, imediatamente seguidos de Gs positivos durante os restantes 10. Era como se estivéssemos numa montanha russa dentro de uma máquina de lavar roupa.

Alguns aviões de transporte tático estavam equipados com engodos antimíssil – os conhecidos “Flares” – e disparavam-nos durante a aproximação à pista, o que acrescentava uma dinâmica muito característica, tipo fogo-de-artifício, como que a festejar a sua chegada a Sarajevo.
Esta manobra ainda hoje é treinada por aeronaves de transporte militar, como aterragem tática para ambientes de alto risco, sendo conhecida por “Sarajevo Landing”.
