Em 1992, devido ao agravamento do conflito na Bósnia Herzegovina e nas Krajinas Sérvias da Croácia, o Conselho de Segurança das Nações Unidas decretou uma Zona de Exclusão Aérea (No Fly Zone) sobre aqueles territórios. O objectivo era evitar que o Exército Nacional Jugoslavo utilizasse o seu esmagador “poder aéreo” naquele conflito.
Por forma implementar as medidas necessárias para a efectivação da No Fly Zone, a ONU passou um mandato à Aliança Atlântica (OTAN-NATO) para vigiar e interditar aquele espaço aéreo. No início de 1995, a NATO já tinha executado mais de 60.000 saídas de aeronaves de combate e/ou vigilância, no âmbito da No Fly Zone sobre a Bósnia/Krajinas.
Contudo, a ONU também tinha a sua própria capacidade de vigilância do espaço aéreo interdito, através do núcleo de Airfield Monitors, do Departamento de Observadores Militares (UNMO) da missão UNPROFOR. Portugal contribuía para esta capacidade da ONU com oficiais da Força Aérea qualificados em operação radar.

As equipes de UNMO Airfield Monitors operavam em locais relevantes para a monitorização da actividade aérea das facções em conflito (maioritariamente Sérvios/Jugoslavos mas também Croatas e Muçulmanos).
Um dos locais mais relevantes para aquela capacidade ONU, eram as estações radar dos Centros de Controlo Aéreo de Área (ACC) de Zagreb – Croácia, e Belgrado – Jugoslávia.
A terminologia “No Fly Zone” era alvo de menções jocosas e trocadilhos brincalhões, uma vez que a palavra “Fly” (em Inglês) é a mesma para “voo” e para “mosca”. Desta forma, No Fly Zone poderia ser traduzido por “Zona Interdita a Moscas” (ou a insectos voadores).

Com a NATO e a ONU a usarem radares para vigiar o espaço aéreo de cima para baixo e de baixo para cima, dificilmente uma aeronave não autorizada poderia voar sobre a Bósnia sem ser detectado e interceptado … ou, pelo menos, andávamos convencidos disso. Porém, os pilotos transgressores conheciam todos os truques que evitavam a sua detecção.
No entanto, independentemente das artimanhas utilizadas pelas tripulações prevaricadoras, de janeiro 1995 a julho desse mesmo ano, a Equipa UNMO Airfield Monitor de Belgrado detectou 130 violações da No Fly Zone, sendo que a sua esmagadora maioria pode ser validada por outras fontes de informação. Os relatórios dessa equipa acabaram em cima da mesa de trabalho do Conselho de Segurança da ONU, e contribuíram grandemente para a decisão (1995) de estender por mais sete meses as Sanções ONU à Jugoslávia de Slobodan Milošević.
